Três motivos para João Campos não ser candidato ao governo em 2026

João Campos será mesmo candidato a governador em 2026

Publicado em 03 de setembro de 2023 às 10h30m

Por Gazeta PE


Um auxiliar ligado ao prefeito do Recife, João Campos (PSB), relatou à coluna uma conversa recente que teve com o gestor e que dá a dimensão dos projetos futuros dele. Segundo essa fonte, João não deveria ser candidato ao governo em 2026 e as justificativas são muito sensatas do ponto de vista político. A primeira: “não há motivo para pressa”. Pois quando Jarbas foi eleito pela segunda vez na prefeitura já tinha mais de 50 anos. João, se eleito, estará com 30 anos.

É um feito impressionante para alguém que aproveitou uma herança, sim, mas teve que se fazer político num ambiente que já não tinha o pai em atividade e sem a oportunidade de “carregar malas” para aprender com os mais velhos. Algo que Eduardo Campos teve com o avô Miguel Arraes. É o primeiro motivo para João não ser candidato em 2026: ele ainda tem muito tempo para isso. O segundo motivo é a estratégia da oportunidade. Se tem tanto tempo ainda, por qual motivo João Campos largaria a prefeitura na metade do segundo mandato para disputar uma eleição estadual contra a atual governadora que irá, provavelmente, ser candidata à reeleição, sentada na cadeira, com todos os recursos à disposição?

Eleições contra ocupantes de cargo são sempre muito mais difíceis. Campos estaria largando o mandato no meio para dar um tiro no escuro, enfrentando a busca por voto com uma estrutura infinitamente menor que a adversária. Não seria muito inteligente. E João é, sim, muito inteligente. Quem achar que não, pode se surpreender. O terceiro motivo, que surgiu nessa conversa com uma fonte ligada ao prefeito, é da construção de legado. Campos conseguiu algo inédito para a gestão do Recife. Depois de organizar as contas da prefeitura, conquistou um empréstimo de R$ 2 bilhões para investimentos na cidade. O valor é equivalente a um terço do orçamento anual da cidade.

Pode parecer que não, mas gastar dinheiro da forma correta na gestão pública não é fácil e é demorado. Não dá pra usar tudo até a próxima eleição estadual. Se esse dinheiro pode operar tantas transformações na cidade, representar um grande legado e uma vistosa vitrine, por que abrir mão disso entregando a gestão a um vice para se lançar numa aventura em 2026. O melhor é terminar o mandato na prefeitura, fazer um sucessor, passar o ano seguinte percorrendo o estado para fortalecer bases e carregando debaixo do braço o exemplo do Recife.

Em 2030 a disputa já será mais tranquila. E Campos nem terá ainda 40 anos. Em todos esses motivos apresentados, é preciso dizer que tudo pode ficar ainda mais difícil se a popularidade de Raquel se mantiver em níveis razoáveis até 2026. Com a arrumação da casa e com os R$ 3,4 bilhões num empréstimo que a governadora também conseguiu este ano, a aposta nos bastidores é que ela vai crescer e pode fazer um governo vistoso também. Se for assim, João candidato a governador precisa ficar apenas para 2030 mesmo. E faz todo sentido.

 

Fonte: jc

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